POLÍTICA: UMA PALAVRA EM DESUSO, UMA PRÁTICA NUNCA TÃO IMPORTANTE
A palavra “política” vem da Grécia onde a pólis, espécie de cidades-estados, tinha seu “bem comum” definido a partir das discussões públicas de seus cidadãos. A arte de buscar pelo bem comum para a pólis ficou conhecida como política.
Com o passar dos
séculos a política foi ganhando novos contornos, tentando encontrar maneiras novas
de sistematizar a organização das diversas sociedades. A política passou a
receber adornos, nomes, atribuições, mas nunca deixou de ser aquilo que é por
raiz: Busca do bem comum.
Todos nós quando
pensamos em algo visando o bem comum, é política. Todos os cidadãos são
seres políticos. Toda e qualquer ação, por mais que seja individual, se vivemos
em uma sociedade, é política. Desde quando acordo, a maneira como me relaciono
comigo mesmo e com os outros, como dialogo, minhas opiniões, minhas omissões.
Tudo é político.
Existe ultimamente em nossa sociedade uma linha de pensamento que prega a negação da política, que prega uma
despolitização, que gosta do que é “apolítico”. Esse pensamento, por mais
incoerente que pareça, é um pensamento político. No Brasil esse movimento vem
ganhando muita força ultimamente e por trás de um discurso de que a política é
algo ruim e deve ser combatida, vem lançando um modelo político que
disfarçadamente vai entrando no cotidiano vendido como “gestão” ou como
“administração”.
Levantar bandeiras
políticas tornou-se uma aberração, discutir política limita-se ao partidarismo,
e a própria compreensão de política esvaziou-se de tal forma que quando vamos
falar em política logo temos de avisar: “não é política partidária, mas
política mesmo”.
Enquanto esse tipo
de corrente ganha força, ao mesmo tempo que o modelo partidário brasileiro
mostra contornos de falência, uma massa muito grande de brasileiros alimentam a
descrença na política. Cria-se um ambiente de que “qualquer coisa vale, pois
são todos iguais” e se são todos iguais na política vamos votar em alguém que
“não seja político”. Se você pensa assim é melhor buscar seu candidato em outro
planeta, pois neste somos todos políticos.
É incrível perceber
que esse discurso atinge a todos os partidos políticos, porém alguns não se
pretendem negar sua natureza para conquistar os votos dos desavisados. Essa
prática é mais comum em partidos alinhados mais à esquerda brasileira. Outros
partidos buscam se valer dessa onda para negar-se enquanto atores políticos
(alguns inclusive retirando o nome “partido”, como é o caso do MDB, DEM,
SOLIDARIEDADE, PODEMOS, REDE, etc) e embarcar no devaneio do discurso político
do apolítico. Discurso que elegeu(PASMEM!) políticos por todo o Brasil como é o
caso de João Dória em São Paulo, Marchezan Jr em POA e Eduardo Leite aqui em
Pelotas.
Afinal, a quem
serve essa política de “não-politização” da sociedade? Continuaremos sendo
seres políticos, votando ou não, seguindo uma ideologia ou nos deixando levar
por uma, seremos sempre seres humanos: atores políticos de nossa história e de
nossa sociedade. Não deixemos que a má política, aquela que nega a si própria,
vença, tornando-nos analfabetos políticos, façamos nós mesmos a diferença que o
mundo precisa, assumamos a política com tudo aquilo que ela é e com a
importância que ela sempre teve e sempre terá: A busca pelo bem comum!
Jardel P. Eberhardt
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