Por: Giordana Vallejos e José Bruno Bratti
O cientista holandês Mark Post, criou em 2013, um hambúrguer de laboratório, desenvolvido a partir de células-tronco retiradas da região do pescoço de uma vaca.
Lanche preparado com carne desenvolvida em laboratório (Foto: Maastricht University)
A invenção promete uma carne livre de antibióticos, com menor risco de contaminação, produzida sem sofrimento do animal e com dano ambiental extremamente reduzido.
Segundo as palavras do cientista, uma célula-tronco, no futuro, 20.000 toneladas de carne, volume suficiente para produzir 175 milhões de hambúrgueres. Essa mesma quantidade que exige hoje, pelo métodos atuais, o abate de mais de 440 mil vacas.
Atualmente, muitas pessoas têm consciência da problematização da alimentação carnívora e seguem consumindo carne, e outras se sacrificam em uma alimentação restritiva que tenta a todo custo imitar o sabor voluntariamente. A solução para ambos grupos sociais veio com a descoberta da produção de carne in vitro, que promete futuramente uma carne de qualidade, produzida sem sofrimento animal, sem hormônios e que resolve as mazelas ecológicas da agricultura como a emissão de CO2, uso abusivo de água e desmatamento.
A problematização da indústria da carne se mostra nesses dados, retirados do documentário Cowspiracy.
- A pecuária e seus derivados são responsáveis por, pelo menos, 32 mil milhões de toneladas de CO2 por ano, ou 51% de todas as emissões de gases com efeito estufa em todo mundo;
- Cultivar colheita de alimentos para o gado consome 56% de água nos EUA;
- Um hambúrguer exige 660 litros de água para ser produzido, o equivalente a dois meses de banho de chuveiro;
- 2.500 litros de água são necessários para produzir 1kg de carne;
- Os cientistas estimam que até 650.000 baleias, golfinhos e focas são mortas a cada ano por navios de pesca;
- A agropecuária é responsável por 91% da destruição da Amazônia;
- Mais de 6 milhões de animais são mortos por hora para alimentação humana;
- Por dia, uma pessoa que come uma dieta vegana poupa 1.100 litros de água, 45kg de cereais, 2,79m² de terrenos florestais, 9kg de CO2 e a vida de um animal.
Uma tendência global por consequência desses problemas é o aumento do número de pessoas que se tornam veganos ou vegetarianos. No Brasil, o número vegetarianos entre 2011 e 2018 passou de 9% para 14% da população, o que configura nada menos do que 29 milhões de pessoas, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE). Esse aumento da consciência dos consumidores em relação a origem dos alimentos e o seu impacto ambiental demanda uma carne que seja produzida de forma diferente dos métodos atuais. A previsão que dentro de 10 anos, será possível comprar um pedaço de picanha "cultivado" pelos cientistas.
Essa técnica de uso da tecnologia da engenharia de tecidos ainda é uma novidade no mercado alimentício. Dessa forma há ainda desconfianças em relação a falta de pesquisas aos efeitos causados no organismo do consumidor deste produto, pois o conhecimento possuído ainda é mínimo. Além disso, outro impasse para a produção dessas carnes in vitro é o alto custo de fabricação, uma vez que, para produzir uma porção de carne de frango dessa maneira é necessário gastar 9 mil dólares, valor muito acima dos 3,22 dólares de um frango produzido de maneira convencional. Porém, ainda que tenha esses empecilhos mencionados anteriormente, há uma lógica de mercado que faz com que cada vez mais a produção dessas carnes sejam viáveis, já que, os custos de produção estão em processo de redução, e atualmente, o mesmo hambúrguer produzido por Post, que custava 330 mil dólares para produzir, custa 40 mil dólares. E ainda, a expectativa de uma das empresas que vem tendo destaque nesse ramo de carnes in vitro, a Memphis Meat, é de que em 2021 os custos para produção se igualem aos das carnes regulares.
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